Os pastorinhos foram presos pelo autarca da seita da Maçonaria


Presos pelo autarca da seita da Maçonaria em 13 de agosto de 1917, dia em que se daria a quarta aparição de Nossa Senhora, os pastorinhos de Fátima fizeram com que os presos rezassem de joelhos o Santo Terço. O Santo Terço que, nas aparições anteriores, a Mãe de Deus pediu que fosse rezado todos os dias.

NA CADEIA DE OURÉM.

Quando, passado algum tempo, estivemos presos, a Jacinta, o que mais Lhe custava era o abandono dos pais; e dizia, com as lágrimas a correrem-lhe pelas faces:

– Nem os teus pais nem os meus nos vieram ver. Não se importaram mais de nós! – Não chores – Ihe disse o Francisco.
– Oferecemos a Jesus, pelos pecadores.

E levantando os olhos e mãozinhas ao Céu, fez ele o oferecimento:

– Ó meu Jesus, é por Vosso amor e pela conversão dos pecadores.
A Jacinta acrescentou:
– É também pelo Santo Padre e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.

Quando, depois de nos terem separado, voltaram a juntar-nos em uma sala da cadeia, dizendo que dentro em pouco nos vinham buscar para nos fritar, a Jacinta afastou-se para junto duma janela que dava para a feira do gado. Julguei, a princípio, que se estaria a distrair com as vistas; mas não tardei a reconhecer que chorava. Fui buscá-la para junto de mim e perguntei-Ihe por que chorava:
– Porque – respondeu – vamos morrer sem tornar a ver nem os nossos pais, nem as nossas mães!

E com as lágrimas as correr-lhe pelas faces:
– Eu queria sequer, ver a minha mãe! – Então tu não queres oferecer este sacrifício pela conversão dos pecadores?
– Quero, quero.

E com as lágrimas a banhar-lhe as faces, as mãos e os olhos levantados ao Céu, faz o oferecimento:
– Ó meu Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores, pelo Santo Padre e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.

Os presos que presenciaram esta cena quiseram consolar- -nos:

– Mas vocês – diziam eles – digam ao Senhor Administrador lá esse segredo. Que Lhes importa que essa Senhora não queira?
– Isso não! – respondeu a Jacinta com vivacidade. – Antes quero morrer.

TERÇO NA PRISÃO.

Determinámos, então, rezar o nosso Terço. A Jacinta tira uma medalha que tinha ao pescoço, pede a um preso que Ihe pendure em um prego que havia na parede e, de joelhos diante dessa medalha, começamos a rezar. Os presos rezaram connosco, se é que sabiam rezar; pelo menos estiveram de joelhos.

Terminado o Terço, a Jacinta voltou para junto da janela a chorar.

– Jacinta, então tu não queres oferecer este sacrifício a Nosso Senhor? – Ihe perguntei.
– Quero; mas lembro-me de minha mãe e choro sem querer.

Então, como a Santíssima Virgem nos tinha dito que oferecêssemos também as nossas orações e sacrifícios para reparar os pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria, quisemos combinar a oferecer cada um pela sua intenção. Oferecia um pelos pecadores, outro pelo Santo Padre e outro em reparação pelos pecados contra o Imaculado Coração de Maria. Feita a combinação, disse à Jacinta que escolhesse qual a intenção por que queria oferecer.

– Eu ofereço por todas, porque gosto muito de todas.

(*) Texto extraído de "Memórias da Irmã Lúcia". Secretariado dos Pastorinhos: Fátima, Portugal. 13a ed., 2007. pp. 51-53.

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