No dia 26 de dezembro de 1957, o padre Agustín Fuentes, sacerdote da diocese de Veracruz (México) e vice-postulador das causas de beatificação de Santa Jacinta e São Francisco Marto, falou amplamente com a Irmã Lúcia no convento de Coimbra, em Portugal. Ao voltar ao México fez uma conferência sobre este encontro, referindo-se às palavras da Irmã Lúcia.
O padre
Joaquín Maria Alonso [1] sublinhou que o relato da conferência foi
publicado “com todas as garantias de autenticidade e com a devida aprovação
episcopal, incluindo a do Bispo de Fátima” [2].
Seguem
abaixo, na íntegra, tal como publicadas no site português Apelos de
Nossa Senhora, as palavras ditas pela Irmã Lúcia ao pe. Agustín. Na ocasião,
o sacerdote afirma que encontrara a vidente de Fátima “muito triste, muito
pálida e abatida”. Eis o que ela lhe revelou [3].
Senhor Padre,
a Santíssima Virgem está muito triste, por ninguém fazer caso da Sua Mensagem,
nem os bons nem os maus: os bons, porque continuam no seu caminho de bondade,
mas sem fazer caso desta Mensagem; os maus, porque, não vendo que o castigo de
Deus já paira sobre eles por causa dos seus pecados, continuam também no seu
caminho de maldade, sem fazer caso desta Mensagem. Mas creia-me, Senhor
Padre, Deus vai castigar o mundo, e vai castigá-lo de uma maneira
tremenda. O castigo do Céu está iminente.
Senhor Padre, o que falta para 1960? E o que sucederá então? Será uma coisa muito triste para todos, e não uma coisa alegre, se, antes, o mundo não fizer oração e penitência. Não posso detalhar mais, uma vez que é ainda um segredo. Segundo a vontade da Santíssima Virgem, só o Santo Padre e o Bispo de Fátima têm permissão para conhecer o Segredo, mas resolveram não o conhecer para não serem influenciados. Esta é a terceira parte da Mensagem de Nossa Senhora, que ficará em segredo até 1960.
Senhor Padre, o que falta para 1960? E o que sucederá então? Será uma coisa muito triste para todos, e não uma coisa alegre, se, antes, o mundo não fizer oração e penitência. Não posso detalhar mais, uma vez que é ainda um segredo. Segundo a vontade da Santíssima Virgem, só o Santo Padre e o Bispo de Fátima têm permissão para conhecer o Segredo, mas resolveram não o conhecer para não serem influenciados. Esta é a terceira parte da Mensagem de Nossa Senhora, que ficará em segredo até 1960.
Diga-lhes, Senhor Padre, que a Santíssima Virgem repetidas vezes nos disse, tanto aos meus primos Francisco e Jacinta como a mim, que várias nações desaparecerão da face da terra. Disse que a Rússia seria o instrumento do castigo do Céu para todo o mundo, se antes não alcançássemos a conversão dessa pobre nação.
Senhor Padre, o demônio está a travar uma batalha decisiva contra a Virgem Maria. E como sabe que é o que mais ofende a Deus e o que, em menos tempo, lhe fará ganhar um maior número de almas, trata de ganhar para si as almas consagradas a Deus, pois que desta maneira o demônio deixa também o campo das almas dos fiéis desamparado e mais facilmente se apodera delas.O demônio faz tudo o que está em seu poder para nos distrair e nos retirar o amor à oração; seremos todos salvos ou seremos todos condenados.
O que aflige
o Imaculado Coração de Maria e o Sagrado Coração de Jesus é a queda das almas
dos Religiosos e dos Sacerdotes. O demônio sabe que os religiosos e os
sacerdotes que caem da sua bela vocação arrastam numerosas almas para o inferno.
O demônio quer tomar posse das almas consagradas. Tenta corrompê-las para
adormecer as almas dos leigos e levá-las deste modo à impenitência final.
Utiliza todos
os truques, chegando ao ponto de sugerir um atraso na entrada na vida
religiosa. O que resulta disto é a esterilidade da vida interior, e entre os
leigos uma frieza (falta de entusiasmo) quanto a renunciar aos prazeres e
dedicar-se totalmente a Deus.
Senhor Padre,
não esperemos que venha de Roma um chamamento à penitência, da parte do Santo
Padre, para todo o mundo; nem esperemos também que tal apelo venha da parte dos
Senhores Bispos para cada uma das Dioceses; nem sequer, ainda, das Congregações
Religiosas. Não. Nosso Senhor usou já muitos destes meios e ninguém fez
caso deles. Por isso, agora… agora que cada um de nós comece por si
próprio a sua reforma espiritual: que tem que salvar não só a sua alma mas
também todas as almas que Deus pôs no seu caminho...
O demônio faz
tudo o que está em seu poder para nos distrair e nos retirar o amor à oração; seremos
todos salvos ou seremos todos condenados.
O que aflige o Imaculado Coração
de Maria e o Sagrado Coração de Jesus é a queda das almas dos Religiosos e dos
Sacerdotes.
Senhor Padre,
a Santíssima Virgem não me disse que nos encontramos nos últimos tempos do
mundo, mas deu-mo a entender por três motivos:
O primeiro,
porque me disse que o demônio está a travar uma batalha decisiva contra a
Virgem Maria e uma batalha decisiva é uma batalha final, onde se vai
saber de que lado será a vitória e de que lado será a derrota. Por isso,
agora, ou somos de Deus ou somos do demônio: não há meio termo.
Lúcia e Jacinta.
O segundo,
porque me disse, tanto aos meus primos como a mim, que eram dois os últimos
remédios que Deus dava ao mundo: o Santo Rosário e a devoção ao Coração
Imaculado de Maria; e, se são os últimos remédios, quer dizer que são
mesmo os últimos, que já não vai haver outros.
E o terceiro
porque sempre nos planos da Divina Providência, quando Deus vai castigar o
mundo, esgota primeiro todos os outros meios; depois, ao ver que o mundo não
fez caso de nenhum deles, só então (como diríamos no nosso modo imperfeito de
falar) é que Sua Mãe Santíssima nos apresenta, envolto num certo temor, o
último meio de salvação. Porque se desprezarmos e repelirmos este
último meio, já não obteremos o perdão do Céu: porque cometemos um pecado a
que no Evangelho é costume chamar “pecado contra o Espírito Santo” e que
consiste em recusar abertamente, com todo o conhecimento e vontade, a salvação
que nos é entregue em mãos; e também porque Nosso Senhor é muito bom
Filho, e não permite que ofendamos e desprezemos Sua Mãe Santíssima, tendo
como testemunho patente a história de vários séculos da Igreja que, com
exemplos terríveis, nos mostra como Nosso Senhor saiu sempre em defesa da Honra
de Sua Mãe Santíssima.
Não há
problema, por mais difícil que seja, que não possamos resolver agora com a
oração do Santo Rosário.
São dois os
meios para salvar o mundo: a oração e o sacrifício. Olhe, Senhor Padre, a
Santíssima Virgem, nestes últimos tempos em que vivemos, deu uma nova eficácia
à oração do Santo Rosário. De tal maneira que agora não há problema, por mais
difícil que seja, seja temporal ou, sobretudo, espiritual, que se refira à vida
pessoal de cada um de nós; ou à vida das nossas famílias, sejam as famílias do
mundo, sejam as Comunidades Religiosas; ou à vida dos povos e das nações. Não
há problema, repito, por mais difícil que seja, que não possamos resolver
agora com a oração do Santo Rosário.
Com o Santo Rosário nos salvaremos, nos santificaremos, consolaremos a Nosso
Senhor e obteremos a salvação de muitas almas.
E depois, a
devoção ao Imaculado Coração de Maria, Mãe Santíssima, vendo nós Nela a sede da
clemência, da bondade e do perdão, e a porta segura para entrar no Céu.
Diga-lhes também, Senhor Padre, que os meus primos Francisco e Jacinta
sacrificaram-se porque viram a Santíssima Virgem sempre muito triste em todas
as Suas aparições. Nunca Se sorriu para nós; e essa tristeza e essa
angústia que notávamos na Santíssima Virgem, por causa das ofensas a Deus e dos
castigos que ameaçavam os pecadores, sentíamo-las até à alma. E nem sabíamos o
que mais inventar para encontrarmos, na nossa imaginação infantil, meios de
fazer oração e sacrifícios.
Notas
1. O padre J. M. Alonso, sacerdote claretiano, foi
nomeado pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. João Venâncio (1954-1972), para ser
arquivista oficial de Fátima. Escreveu uma obra monumental sobre as Aparições
de Fátima, intitulada Textos e estudos críticos sobre Fátima. Este
trabalho, que compreende 24 volumes, contendo 5793 documentos, foi completado
em 1975, mas a sua publicação foi proibida pelo bispo sucessor, D. Alberto
Cosme do Amaral. Na década de 1990, os dois primeiros volumes foram publicados,
mas não integralmente.
2. O encontro do Pe. Agustín Fuentes com a Irmã Lúcia,
e a conferência sobre este encontro, foi documentado em profundidade por Frère
Michel de la Sainte Trinité no vol. III da sua obra Toute la Vérité sur
Fátima. Em junho de 1981, depois de ter pregado um retiro na Bretanha, o
Padre Superior Georges de Nantes confiou ao Frère Michel a tarefa de estudar
num modo científico e exaustivo as Aparições de Nossa Senhora em Fátima, bem
como os seus pedidos, e a relevância da Sua Mensagem para os nossos tempos.
3. Nota: Quando publicamos este
texto, fizemo-lo sem saber da controvérsia, de longa data, a respeito da
autenticidade dessa entrevista. A polêmica pode ser entendida em minúcias no
terceiro volume da obra “The whole truth about Fatima” (trad. ingl. de
John Collorafi; Nova Iorque/Ontario: Immaculate Heart Publications, 1990), de
Frère Michel de la Sainte Trinité, pp. 549-554. Considerando, porém, que o
texto atribuído à vidente de Fátima “não diz nada que a Irmã Lúcia não tenha
dito em seus numerosos escritos que foram publicados” e que a mensagem nele
contida apresenta “um ensinamento bastante apropriado para edificar a
piedade dos cristãos” — palavras do pe. Joaquín M.ª Alonso —, havemos por
bem mantê-la neste espaço.
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